...a dois passos do Paraíso

O Sultão volta pro castelo desorientado, não sabe onde buscar a fêmea que o seduzira. Sua posição real tem regras e limites e transgredi-las poderia desencadear a fúria geral. Não importa a opinião alheia ele é o Sultão que conquista impérios inteiros e a conseguiria de qualquer custo. Vasculhou sozinho boa parte do deserto onde a vira pela primeira vez e nada, nem sombra daquela deusa negra e sombria que o enfeitiçara com sua beleza e candura. Tão doce como a tâmara, tão inebriante como o vinho e mortal feito a serpente...
O poderoso é  um governante sábio e astuto, por isso ninguém conseguiu usurpar seu poder.
Ventava muito no deserto, ele nunca em seus cinquenta anos tinha visto uma tempestade de areia assim, tão forte e que perdurava há dias seguidos. Temia por sua amante encantada, onde estaria ou com quem estaria? O ciúmes se enraizavam no corpo do Sultão, ela lhe pertencia e só ele a teria.
Passadas algumas horas a tempestade cessa de repente, intrigado procura seus magos para saber mais a respeito. Não disse nada sobre ela, o seu segredo, sua jóia rara.
 Sentia saudades, seu corpo queimava feito brasa.
O harém seria sua salvação nesse momento, mulheres ansiosas por um toque seu. Escolhei uma deusa de ébano que até então nunca tocara . Levou-a para um aposento reservado, sua pele emanava cereja, seu corpo arrepiou-se e a tomou com todo o desejo que sentia... Quando de súbito, seu rosto empalideceu. A virgem que dividia a cama não era sua serpente e esbravejou que dali se retira-se imediatamente. A donzela sem entender nada correu assustada com medo de algum castigo contra si.
Transtornado saiu à procura da esposa, nessas horas dormir ao seu lado o confortava, apesar de tudo. A sultana sabia que algo estava errado, mas enquanto ele estivesse a seu lado manteria a pose de realeza.
Ao amanhecer a Sultana caminha feliz por seu castelo, desejo um filho do Sultão para que sua felicidade fosse completa, casados há anos, ela deseja realizar esse sonho...
Já o Sultão deveras ocupado não se importava, mães para filhos seus ele tinha, sessenta e sete alias sessenta e nove, contando com a esposa e a Mamba-Negra.
Não queria acabar com os planos da Sultana, ela seria a única mulher a conceber filhos seus. Pelos menos era assim que ele pensava, naquela época.
Em sua toca a cobra sofria mais uma dolorosa transformação, ela se contorcia toda e gemia de dor. Já não aguentava mais se dividir em duas, a mulher ou a cobra, ela teria de decidir e rápido, seu corpo estava frágil e as dores eram insuportáveis. A Mamba- Negra reluzia sob a luz do luar, seu rosto meigo demonstrava tristeza, desejava o Sultão verdadeiramente, mas quem acreditaria nisso, nem o Sultão acreditava...
Seu corpo negro e macio estava a cada dia mais lindo e harmonioso, o amor lhe fazia bem e ansiava por mais um encontro de amor com o homem ardente que dias antes a fez vibrar de prazer.
A Mamba estava trançando um destino incerto...

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